estava uma linda moça de seu conhecimento, uma das estrelas de sua coroa de rei da moda.
Sentar-se-ia junto dela, e estabeleceria um diálogo entretecido de sorrisos, de olhares e meias confidências como por ai se dão tantos nos bailes e espetáculos: verdadeira cena mímica de amor representada perante o público. Com esse entretenimento, Horácio comprometeria seriamente a reputação de uma senhora; mas vingar-se-ia de Amélia, excitando-lhe ciúmes.
Chegava já o leão à porta do camarote quando ocorreu-lhe este pensamento:
Faltava apenas um ato para terminar o espetáculo; se ele mostrasse afastamento, Amélia irritada persistiria em seu desdém durante o resto da noite; e quem sabe que resolução tomaria sob a influência desse despeito?
Horácio teve medo e recuou. Já se tinha submetido no começo da noite; o melhor expediente era perseverar. Naturalmente Amélia, no fim do espetáculo, abrandaria o seu rigor.
Começara o ato. Horácio deixou passar algum tempo, e dirigiu-se ao camarote de Amélia. A moça que já tinha reparado na ausência do leão, cuja cadeira estava desocupada, adivinhou-lhe