de grilheta que prende dois galés; o suplício de duas existências condenadas a se arrastarem mutuamente Tu não amas essa moça, Horácio.
— Não a amo?
— Não!
— Quando lhe vou fazer o sacrifício que nenhuma outra mulher obteve de mim?
— Não passa de um capricho. Essa moça é para ti um pé e nada mais.
— A mulher que amamos tem sempre um encanto, uma graça especial. Às vezes são os cabelos; outras os olhos; tu amas o sorriso; eu o pé.
Leopoldo levantou os ombros.
— Sem dúvida. A alma da mulher, como a do homem, se revela em cada pessoa por uma feição mais distinta, por uma expressão mais eloqüente. Mas não é isto que sucede contigo. Tu sentes a idolatria da beleza material; procuraste sempre na mulher a forma, o amor plástico; à força de admirar os mais lindos rostos e os talhes mais sedutores, ficaste com o sentido embotado, precisavas de algum sainete que estimulasse teu gosto. Viste ou imaginaste um pezinho mimoso e gentil: tornou-