— Conhecias Amélia? perguntou Horácio, enquanto esperava que as senhoras saíssem do toucador.
— Estás admirado, sem dúvida! retorquiu Leopoldo secamente.
O leão fitou no companheiro um olhar interrogador; mas ocorreu-lhe de repente uma idéia, que lhe trouxe aos lábios um sorriso de ironia. Lembrara-se do aleijão.
A mulher amada por Leopoldo não podia ser Amélia. Mas quem sabe se o idealista capaz de adorar uma monstruosidade, o espírito severo que desdenhava a beleza material, não sofria a sedução irresistível do mimoso pezinho?
— Admirado de quê? De te ver convertido à idolatria da beleza material? . . .
Amélia que saía do toucador, embuçada em sua capa de caxemira escarlate, tomou o braço do noivo e desceu as escadas.
Quando partia o carro de Sales, Leopoldo que também se retirava, encontrou Horácio na porta.
— A ilusão é a única realidade desta vida! disse ele sorrindo.
— O quê?
— Adeus!