este durou pouco. Ela conheceu logo que o leão obedecera mais às conveniências, do que ao afeto que lhe tinha.

Contudo essa volta significava alguma coisa. Ela, Amélia, não causava horror a seu noivo.

O jantar foi animado pela conversa viva e espirituosa de Horácio, que havia recuperado seu sangue-frio. Uma circunstância porém não escapou a Amélia, que passou despercebida às outras pessoas; o leão, apesar de sentado à sua esquerda, não achou um momento para trocar com ela uma palavra. Ao contrário, manteve sempre a conversação geral, para impedir o diálogo íntimo, que ele receava.

Terminando o jantar, Horácio achou um pretexto para retirar-se logo.

— O que se passou, D. Amélia, é mais do que um segredo para mim; eu nada sei, esqueci, disse ele despedindo-se.

Tocando apenas na mão que a moça lhe estendera, saiu.

Amélia deu um passo para chamá-lo, mas apoiando-se ao recosto do sofá, permaneceu imóvel, escutando os passos do noivo até que se perderam ao longe.