o amor. É um tiranete que toma todas as figuras e posições; faz-se menino ou velho, anjo ou demônio, poeta ou banqueiro... Estou incomodando-a talvez?
— Não; acabe.
A moça fazia com uma ligeira surdina o acompanhamento das palavras do leão; mas à última frase, ela retirou as mãos do teclado. Foi esse o motivo da pergunta de Horácio.
— A senhora deve sentir muito, e Leopoldo com maior razão, de serem privados de uma distração que tanto lhes agrada!
— Compreendo, replicou Amélia. O senhor me proíbe que eu vá à casa de D. Clementina?
— Que idéia! Não tenho direito de proibir; ainda não sou seu marido; a senhora é completamente livre de suas ações, pode ir à casa de D. Clementina, ou onde lhe aprouver; assim como eu posso, querendo, passar as noites no Clube ou no Alcázar.
Amélia soltou uma risada.
— Pensava que os leões estavam isentos dessa fragilidade do ciúme.
— Perdão; não se trata de ciúme, nem sei o que isso é. A questão reduz-se a uma antipatia de