Ocupada em dispor as xícaras para enchê-las, os gestos sempre macios da moça revelavam certa crispação nervosa.
Horácio ficara contrariado, porque não tivera tempo de precipitar o casus belli. Receava que se demorasse ainda o rompimento que ele tanto desejava.
— Mamãe, disse Amélia com intenção, amanhã é quinta-feira. Vamos passar a noite em casa de D. Clementina?
— Se quiseres.
— Não devemos faltar; deixamos de ir a semana passada.
— Foi logo depois do baile do Azevedo.
— Não o convido, disse Amélia voltando-se para Horácio, porque o senhor não freqüenta essas reuniões de gente pobre.
— Sem dúvida; tenho medo de evaporar-me em devaneios e suspiros, respondeu Horácio, cruzando com a moça um olhar de desafio.
Ele sentiu que Amélia o provocava, e exultou. A moça estava disposta a resistir; o rompimento era infalível e pronto.
— Eu gosto bem dessas partidas; a noite passa tão agradável.