carro. Foi, se não me engano, na Rua da Quitanda; ia com a filha do Sales. Lembra-se?

A moça fez um gesto afirmativo.

— Depois encontrei-a no teatro. A princípio seus olhos me deixaram conceber alguma esperança; mas o desengano foi cruel. Nem imagina como sofri! Cuidei que não houvesse mulher capaz de obrigar-me a voltar às ingenuidades dos 18 anos. Um dia ainda me lembro, via-a de longe entrar no Passeio Público; apressei-me para ter o prazer de cortejá-la, receber um olhar. Debalde corri todas as ruas; quando voltei à porta fiquei desesperado. A senhora tinha saído, sempre com a filha do Sales. Recorda-se?

— Recordo-me, respondeu a moça. Mas era por mim que fazia tudo

isso?

- Duvida, Laura?

— Nega que esteve apaixonado por Amélia? Até diziam que já a tinha pedido.

— Que ingratidão! Não sabe então por que me fiz apresentar em casa do Sales? Para vê-la; era preciso procurar um meio; a senhora já não se lembra da dureza com que me tratava.

— E por isso consolava-se com Amélia?