pareciam descansar sobre uma almofada preta.
O semblante de Laura se tinha demudado de uma maneira espantosa; em suas faces intumescidas respirava uma expressão feroz de ódio e vingança.
Horácio compreendeu que naquele momento qualquer explicação era impossível. O que tinha de melhor a fazer era eclipsar-se. No fim de contas esse desenlace lhe convinha, pois cortava todas as dificuldades da retirada.
Cortejou e saiu.
A alguns passos da casa, o leão não pôde conter uma gargalhada, que lhe estava a sufocar, e desabafou-a. Realmente havia de que rir; duas vezes mistificado em sua paixão, ele, o rei da moda, o conquistador sempre feliz.
Insensivelmente começou a refletir sobre o ocorrido. Por mais que se desse tratos à imaginação, não podia decifrar o enigma. A botina que achara fora perdida por uma das duas moças; mas não pertencia a nenhuma. Seria encomenda de outra amiga, e talvez para alguma menina de dez anos?
De repente surgiu no espírito de Horácio uma idéia