seguiu na direção da casa do Sales, com intenção de restabelecer as relações interrompidas. Não sabia ele de que modo se houvesse em tal empenho; fiava da inspiração do momento.
Já não estava o negociante no escritório; nesse dia se retirara mais cedo.
Malograda sua esperança, o leão foi caminhando pela Rua Direita sem direção, como quem não sabe o que fazer. O instinto que no deserto guia o rei dos animais à sebe odorífera onde retouçam as gazelas, o conduzia naturalmente para a Rua do Ouvidor.
Tinha chegado à esquina, quando passou defronte um moço, que seguiu pela calçada Carceler. Horácio acompanhou-o com a vista, querendo nele reconhecer seu amigo Leopoldo que havia cerca de um mês não vira.
Se com efeito o moço era Leopoldo, tinha ele sofrido grande transformação. Em vez do rapaz descuidado no seu traje, brusco em suas maneiras, sempre de cabelos arrepiados e barba revolta, aparecia um cavalheiro de boa presença, com a sóbria elegância que tão bem assenta nos homens sisudos. Essa espécie de elegância