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MADEIRA.
achando nossos esforços inúteis e vários dos navios foram muito ameaçados pela tempestade, subimos e voltamos para St. Helen, para onde nossa embarcação teve a sorte de se deslocar, sem ter recebido o menor dano. No dia seguinte, o navio foi transportado para o Motherbank; [1] e tínhamos motivos para agradecer imensamente por entrar; pois no dia 31 ocorreu um furacão, que conduziu nada menos que quinze navios em terra, no porto que, se estivéssemos no Canal, com toda a probabilidade acabaria com nossa viagem. Um começo tão desagradável, de fato não foi muito encorajador, no que diz respeito ao término de nossa empreitada; mas o perigo iminente que havíamos escapado compensou, em certo grau, os inconvenientes que sofremos.
Os ventos adversos e o clima tempestuoso continuaram até o dia 2 de março, quando partimos novamente, com um comboio do Brasil, sob a direção do capitão Smith da nau Brilhante. Às onze da manhã, passamos pelas Needles [2] e, às quatro da tarde, partimos do penhasco branco e bonito de St. Albans. Esta foi a última visão da costa inglesa que desfrutamos. O tempo estava bom e o vento a nosso favor, que no dia 10 cruzamos o mar ondulado que distingue o Golfo da Biscaia e no dia 13 avistamos a Ilha do Porto Santo. As montanhas desta ilha são pitorescas em suas formas e, quando o sol se põe atrás delas, assume grandes variedades de efeitos. Estes tivemos tempo suficiente para admirar; pelo vento ser leve, não chegamos ao ancoradouro do Funchal, na ilha da Madeira, até o dia 15.
Ao desembarcar naquele local, fiquei satisfeito ao descobrir que o Major Newman, pertencente ao décimo primeiro regimento britânico de artilharia, um dos meus colegas de escola e um de meus primeiros amigos, estava estacionado na ilha; em cuja companhia eu passei três dias, da maneira mais agradável. A cidade do Funchal, devido ao grande número de navios no porto, principalmente os da Companhia das Índias Orientais formou nessa época uma cena contínua de alegria; jantares, bailes e peças de teatro ocorriam todos os dias, e a delicadeza da estação contribuía para o belo aspecto do país. No entanto, pelas observações que fiz, não devo julgar que foi particu-
  1. um banco de areia raso na costa nordeste da Ilha de Wight, na Inglaterra usado para reparar embarcações (nota do tradutor)
  2. uma fileira de três rochas de calcário que se erguem a cerca de 30 m do mar, na extremidade oeste da Ilha de Wight (nota do tradutor)