caso estranho e tão fora da norma comum, que não havia exemplo de outro.
Estavam já bem excitados os ânimos. A insistência que fizera o prelado para a mudança da Matriz, era ainda muito recente; e deixara viva no espírito popular certa indisposição contra o Dr. Almada.
O povo tem a religião do passado: ele venera as tradições da pátria e da cidade; deleita-se com as relíquias e antigualhas, que lhe são como recordações da infância, e lhe retraçam o berço onde se embalou à sombra da fé rude de seus antepassados. Por isso não há mais puro santuário da história, do que seja o povo.
Os fluminenses daquela era, em que a vida não se tornara ainda uma empresa a comanditar, tinham seu fraco pela velha igreja, que primeiro se erguera na terra selvagem da Guanabara; e eram particularmente devotos de São Sebastião, que, na sua crença ingênua, se mudara para o Rio de Janeiro a fim de servir de patrono a essa terra de sua predileção.
Esse fermento de desfavor contra o Dr. Almada, veio azedá-lo a excomunhão do ouvidor, geralmente atribuída na cidade aos escândalos do prelado que sabiam ser derretido por mulheres, e que se metera a engraçar