vazia não se pode deliberar sobre a governança e regimento dos povos.
Por outro lado, pensaram eles que era de bom conselho deixar esse intervalo de um dia para arrefecer a irritação popular. Donde se vê que a protelação, esse achaque de nossa administração, vem de longe: é mal crônico.
O motim, que se formara pela manhã, não tinha aumentado, mas conservava-se no mesmo estado de surda agitação, como a tempestade encadeada pela calmaria. Sentia-se ali dentro, no seio da turba, a ebulição da cólera popular; mas alguma força oculta a sopitava.
O respeito tradicional à religião, o terror da Igreja, e os sentimentos de devoção que animavam os fluminenses, deviam conter os ímpetos da indignação popular contra o prelado, que no fim de contas, apesar de quanto o acusavam, era não somente um sacerdote, mas a primeira autoridade eclesiástica da igreja fluminense.
O povo é sempre assim: uma força magna e irresistível, porém cega. Carece de nem o dirija, e o maneje. O que dispõe desse poder tem a revolução fechada em sua mão.
Era essa cabeça que faltava então ao povo fluminense. O motim ali estava no meio da praça