Ao entrar a sessão, ouviu-se na rua grande alarido. Era a troça dos estudantes que voltava, trazendo no centro o tabelião e à frente o moleque lambreado de vermelho, e montado em um cabrito. Atrás vinha uma súcia de meninos que seguravam a cauda do diabrete, como se fosse a amarra de uma âncora.
— Senhor juiz e oficiais em Câmara, gritou o Ivo, aqui trazemos a Vossas Mercês este exímio teólogo para consultar sobre o caso intrincado. É grande sabedor de excomunhões, bruxarias e demonices.
Gargalhada estrondosa, seguida de formidável apupada.
— Salta, capeta!
— Silêncio, que o cabrito vai espirrar!
— Não é espirro. É um latinaço que lhe esguichou pelas ventas.
— Então o cabrum é doutor?
— De borla e capelo.
— Quiá!... Quiá!... Quiá!...
De véspera esperava-se que a sessão convocada pela câmara fosse das mais importantes de que havia notícia, já pela gravidade das circunstâncias e já pelos grandes luzeiros da ciência que tinham de dar seu voto.