As janelas da casa da Câmara se abriam; e a sineta do campanário anunciou que o Senado da leal cidade de São Sebastião ia entrar em vereação, para deliberar sobre os negócios da república.
Entre os de maior monta que naquele dia tinham de ocupar a atenção dos conselheiros do povo fluminense, avultava o caso gravíssimo da excomunhão do ouvidor.
Quem refletir na disciplina rigorosa que ainda naquela época exercia a Igreja sobre o poder temporal, embora já decaída do que fora em antigas eras, compreenderá quanto a pena severa fulminada contra o primeiro ministro da Justiça de El-Rei, por ele posto na capitania, devia abalar os povos sujeitos à sua jurisdição; e derramar na cidade o terror e a consternação.
Apesar de não ser então a população fluminense como atestam os documentos da época, das mais fervorosas no zelo católico e exemplares na prática do catecismo, todavia dominava na massa geral o respeito tradicional que infundia a religião de seus maiores, e aumentado pela superstição própria daqueles tempos de ignorância.
O conflito que o prelado levantava com a majestade secular, colocava os moradores da terra em colisão terrível, perplexos entre o acatamento