oceanos. Era de recursos inesgotáveis; tinha ardis para lograr o mais esperto marítimo; e com o engenho e intrepidez multiplicava as forças de seu navio a ponto de animar-se a combater naus ou fragatas, e de resistir às esquadras de pichelingues que se juntavam para dar cabo dele.
Todas estas gentilezas, a maruja bem como a gente do povo as lançava à conta da proteção da Virgem Santíssima, acreditando que a escuna era invencível, enquanto sua divina padroeira a não desamparasse.
Aires tinha continuado na mesma vida dissipada, com a diferença que a sua façanha da tomada da escuna lhe incutira o gosto pelas empresas arriscadas, que vinham assim distraí-lo da monotonia da cidade, além de lhe fornecer o ouro que ele semeava a mãos-cheias por seu caminho.
Em sentindo-se aborrido dos prazeres tão gozados, ou escasseando-lhe a moeda na bolsa, fazia-se ao mar em busca dos pichelingues que já o conheciam às léguas e fugiam dele como o diabo da cruz. Mas dava-lhes caça o valente corsário, e perseguia-os dias sobre dias até fisgar-lhes os arpéus.
Como o povo, também ele acreditava que à intercessão de Nossa Senhora da Glória devia a constante fortuna que uma só