da terra, e paira em uma esfera superior: tudo isso rompera o enleio que havia entre os dous corações, e estabelecera uma doce correspondência e intimidade entre eles.

Nesse enlevo de querer e ser querida, vivera Maria da Glória todo o tempo depois da moléstia. Qual não foi pois o seu desencanto quando Aires se partiu sem ao menos dizer-lhe adeus, e quem sabe se para não mais voltar.

Cada dia que volveu foi para ela o suplício de uma esperança a renascer a cada instante para morrer logo após no mais cruel desengano.

Cerca de um ano era passado, em São Sebastião não havia novas da escuna Maria da Glória.

Para muita gente passava como certa a perda do navio com toda a tripulação; e em casa de Duarte de Morais já se trazia luto pelo amigo e protetor da família.

Maria da Glória porém tinha no coração um pressentimento de que Aires ainda vivia, embora longe dela, e tão longe que nunca mais o pudesse ver neste mundo.

Na crença do povo miúdo o navio do corsário andava no oceano encantado por algum gênio do mar; mas havia de aparecer quando quebrasse o