Um ano, de dia a dia, andou Aires no mar.
Desde que se partira do Rio de Janeiro, não pusera o pé em terra, nem a avistara senão o tempo necessário para enviar um batel em busca das provisões necessárias.
Na tarde da saída, deixara-se Aires ficar na popa do navio até que de todo sumiu-se a costa; e então derrubara a cabeça aos peitos e quedara-se até que a lua assomou no horizonte.
Era meia-noite.
Ergueu-se e vestindo uma esclavina, chamou a maruja, a quem dirigiu estas palavras:
— Amigos, vosso capitão tem de cumprir um voto e fazer uma penitência. O voto é não tornar a São Sebastião antes de um ano. A penitência é passar esse ano todo no mar sem pisar em terra, assim