ao mar, tinham muitas vezes, quando a brisa estava serena e de feição, ouvido aquela reza misteriosa.
Um dia, dous moços caçadores galgando a íngreme encosta do outeiro, a custo chegaram ao cimo, onde descobriram a gruta, que servia de refúgio ao ermitão. Este desaparecera mal os pressentiu; todavia puderam eles notar-lhe a nobre figura e aspecto venerável.
Trajava uma esclavina de burel pardo que lhe deixava ver os braços e artelhos. A longa barba grisalha lhe descia até o peito, misturada aos cabelos caídos sobre as espáduas e como ela hirtos, assanhados e cheios de maravalhas.
No momento em que o surpreenderam os dous caçadores, estava o ermitão de joelhos, diante de um nicho que ele próprio cavara na rocha viva, e no qual via-se a imagem de Nossa Senhora da Glória, alumiada por uma candeia de barro vermelho, grosseiramente fabricada.
Na gruta havia apenas uma bilha do mesmo barro e uma panela, na qual extraía o ermitão o azeite da mamona, que macerava entre dous seixos. A cama era o chão duro, e servia-lhe de travesseiro um toro de pau.
Estes contos feitos pelos dous moços caçadores