10 de março

 

Depois que me deixaste, mãi, sinto um consolo immenso, em escrever. É como si te fallasse.

Comecei hoje a tirar sobre o papel, do coração onde as tenho intactas, aquellas bonitas historias, que aprendeste de meu avô. Foram-me balsamo, ouvidas de teus labios nas horas da vigilia; porque o espirito ia-se nellas, e o fogo queimava só uma carne insensivel. São-me conforto agora contra o desanimo que me invade. Escrevendo-as, estou comtigo. A ternura que derramaste nellas é um santo oleo. Vasa-me do seio, onde o vertesto e unge-me. Tuas palavras, escutoas ainda. Deu-lhes tua alma uma voz, para que Murmurem assim ao meu ouvido?

A recordar o que me contaste, vivo nesse tempo bom de fé e heroismo. Não me admiram feitos grandes que houve então. O espirito respirava na estima do povo, como se respira o ar na athmosphera, um resaibo de nobreza. Era mãi a patria, que deffendiam filhos dedicados. Foi de-