Voltava então à banca, e esgrimia de pena até que se fizesse noite na casa do cartório, o que sucedia meia hora mais cedo do que na rua, por causa dos grandes armários que interceptavam a luz.
Concluída a tarefa do dia, com desencargo de consciência por estar cumprida a obrigação, dava o Sebastião Freire sua hora à devoção. Depois de rezar trindades, saía pela vizinhança a, desenferrujar a língua e as pernas, que lhe ficavam um tanto perras. Outras vezes acompanhava a dona e a filha, que iam de visita em casa d'alguma comadre; porém mais freqüentemente à casa da Sra. Romana, sogra do nosso tabelião, e uma das matronas respeitáveis da cidade de São Sebastião, que as tinha outrora de veneranda trunfa.
Esta faina diária somente se alterava nos dias de guarda, que o Sebastião Freire como bom católico reservava ao repouso depois da missa conventual; e nos dias de audiência, em que pela acumulação do judicial estava ele obrigado a assistir ao despacho do ouvidor. Afora estes dias era mais fácil desaparecer da baía o nariz do Corcovado, do que o nariz do tabelião de cima do livro das notas.
Estirando o gregotim pelo papel, não perdia o Sebastião