— E foi um maldito cigano que o trouxe! Eu bem o vi pelo buraco da rótula quando passou cosido num couro de bode, e então deitava uma catinga de enxofre.
— Que me conta, comadre?
— É como lhe estou dizendo.
— Espere, vizinha, que já lhe levo o meu coto bento de Jesusalém. Se for o cão tinhoso, há de ver como espirra, por mais artes que tenha. Aquilo é uma vela milagrosa!.
Saíram as vizinhas com os maridos, e toda a casta de relíquia e esconjuros, e afinal conheceram que a causa do barulho era um enjeitado, e de gente pobre, pois estava embrulhado em uma esteira velha.
No meio das exclamações de espanto e observações das comadres, ouviu-se um risinho de mofa. Era a vizinha defronte, a Pôncia, uma língua de lanceta, que se divertia cantarolando num falsete de tirar couro e cabelo:
Ele sai pelo quintal,
Porém entra pela rua,
Ora, etcetra e tal;
Tudo o mais é falcatrua!
Seu alferes, al não al.