Para o mancebo, o painel era a sua primeira prenda de amor; e todavia por maior que fosse o desgosto do namorado, sobrepujava a desconsolação do pintor.
Ao entrar em sua casa da Rua do Cotovelo, esbarrou-se o Ivo com a Sra. Rosalina que o esperava, inquieta por causa de sua ausência. Ao vê-lo porém, dissipou-se o desassossego em que estava; e ficou apenas uma certa sofreguidão alegre, porque lhe esboçava nos lábios um sorriso, a muito custo disfarçado.
Ivo não deu por isso, aborrecido como vinha de sua vida, e ia passando sem falar com a madrinha. Foi esta que o reteve:
— Ivo!...
Como não tivesse resposta, insistiu:
— Ivo!... Responde, gente!
— Estou ouvindo! respondeu afinal o rapaz com um modo emburrado.
— Esta noite, quero levar você a uma parte.
— Eu não vou!
— Como há de ser agora? Se prometi à Sra. Romana.
— Qual Romana? acudiu lesto o rapaz. A sogra do tabelião?
— Ela mesma, menino, sem tirar, nem por.