Ai!... exclamou alvoroçada. Que Menino Jesus tão lindo, Senhor Deus!... De repente entrou-a um pensamento, que a pôs em faísca. Lembrara-lhe que a Romana Mência era uma devota, como não havia outra, perdida por tudo quanto era santo e cousa de beatice.
Recobrando a sua agilidade, do tempo do alferes, quando tantas vezes saltara essa mesma janela para ir-lhe ao encontro na cerca, por trás da atafona, a Rosalina com algum esforço conseguiu apoderar-se do painel, e cosendo-se com ele dentro da mantilha acatassolada, deitou-se de um fôlego para a casa da matrona.
Esta não se achava só, mas concertando com a nora e mais a Engrácia, uma das vizinhas, a novena daquela noite. Vendo entrar pela casa, e sem licença, a Rosalina, as duas se admiraram; mas a velha inquizilou-se ao sério.
Quem a chamou cá, mulher?
— Com perdão de Vossa Mercê, Sra. Romana, pela confiança de entrar assim na casa alheia, sem pedir licença; mas como é para bem!...
— Isso é que está por ver, que seja para bem, redargüiu a voz fanhosa da velha.
— Ai! era preciso que não fosse devota do Menino Jesus!