Slekker, que Ramalho cita,―talvez movido pelo remorso, que no fim de contas o punge de admirar sempre, de admirar incondicionalmente,―as paginas em que aquelle escriptor, mais na intimidade do seu paiz, da sua raça e do seu meio, do que o viajante que passa impressionado simplesmente pela seducção dos aspectos exteriores, escalpelliza duramente, e ferozmente os ridiculos e os vicios dos seus concidadãos, essas dão-nos a certesa consoladora ou cruel, consoante o ponto de vista em que nos collocarmos, de que a absoluta perfeição humana não é mais que um sonho radioso em que se entretem por momentos a nossa ambiciosa phantasia.
Em toda a parte a burguesia enriquecida e triumphante―e onde é ella mais triumphante e mais enriquecida que na Hollanda?!―hade ter os mesmos vicios, o mesmo egoismo desolador, a mesma ultrajante prerogativa de gosar, esquecida de todos os que soffrem!