Ouve tu, meu cançado coração,
O que te diz a voz da Natureza
―«Mais te valera, nú e sem defeza,
Ter nascido em asperrima soidão!

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel deveza,
Do que embalar-te a Fada da Belleza
Como embalou, no berço da Illusão!

Mais valera á tua alma visionaria,
Silenciosa e triste, ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba varia.

(Sem ver uma só flôr das mil que amaste)
Com odio, raiva e dôr... que ter sonhado
Os sonhos ideaes que tu sonhaste!...


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Pouco a pouco, porém, por uma especie de lenta gradação, com retrocessos fugitivos, a alma de Anthero do Quental, cançada de sonhar, de aspirar, de desejar em