dos versos, se não abriga um sentido occulto, um mysterioso symbolo...
Que ardente espiritualismo, tenaz e apaixonado, na carnalidade apparente d'esse poema!
Quanta dôr n'aquella aspiração, sempre trahida, de encontrar uma alma, no bello corpo insensivel que elle, como Pygmalião, quereria animar d'um divino sopro!
Na sua violenta sêde de perfeição, dolorosa e alanceadôra como poucas, nunca o poeta das Miniaturas e dos Nocturnos teve o contentamento da sua obra! Nunca achou que a Musa, que elle beijava, tivesse a vida, o fogo sagrado, que n'esse beijo fecundador a sua alma anceava communicar-lhe!
Era um insaciavel!
Nunca a Arte nem a vida o contentaram, a elle que teve todas as caricias luminosas da Arte, e todos os affectos sãos que a Vida póde dar e que a Vida só dá a rarissimos dos seus escolhidos...
Mas não estará n'esse eterno descontentamento,