Não, decerto.
O que eu tenho é o irresistivel desejo de conversar com esse numero mais ou menos restricto de amigos desconhecidos, que todo o escriptor, por modesto e humilde que seja, tem a certeza, de possuir, ácerca d'essa obra superiormente bella, e que, apezar d'um tanto phantasista me parece consoladora e sã, fortificante e boa.
Mas, se eu sentia em mim essa vontade persistente e tenaz, porque é que a não tenho realisado ha mais tempo?
Simplesmente pelo motivo, porque hoje mesmo hesito em o fazer.
Ha receios, que se não vencem senão a muito custo, tanto mais teimosos, quanto mais prolongado foi o tempo em que os deixamos actuar sobre o nosso espirito.
Depois ha livros suggestivos, que fazem pensar; que despertam em nós um turbilhão de idéas, de pensamentos difficeis de definir e de fixar bem, mas que tambem nos acordam contradicções que talvez pareçam ousadias,