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LEWIS CARROLL

Alegre de ter um ouvinte, Alice começou a falar sôbre aquela estranha partida de croquet, na qual tomara parte sem querer.

— Não jogam direito, disse ela. Discutem que é um horror e parece que não seguem regra nenhuma. Ninguém pode imaginar a confusão que causa jogar com os ouriços vivos em vez de bolas de pau. Ainda agora tinha eu de pegar uma bola que veio do meu lado. Assim que armei a pancada, êle fugiu correndo e me deixou sem bola.

— Está gostando da Rainha? perguntou o Gato em voz baixa.

— Nada, nada. Ela é tão... ia dizendo Alice, mas percebeu que a Rainha estava atrás dela, ouvindo tudo, e disse... tão hábil no jôgo que nem vale a pena jogar-se com ela.

A Rainha sorriu e passou.

— Com quem está falando? perguntou o Rei a Alice, ao vê-la de olhos postos numa cara de gato.

— Estou conversando com o meu amigo Gato Careteiro. Quer que lho apresente?

— Não gosto nada da cara dêle, respondeu o Rei, mas isso não impede que lhe dê minha mão a beijar.

— Dispenso a honra, rosnou o Gato.

— Impertinente! exclamou o Rei. E, voltando-se para a menina, disse: — Não gosto nada dessa cara de gato.