Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/83

82
LEWIS CARROLL

sempre na mesa — e nem temos tempo de lavar as xícaras, porque nunca se passa a hora do chá.

— E o mais que fazem é mudar de lugar... observou Alice.

— Isso mesmo. Mudamos de lugar, vamos assim dando volta à mesa, razão pela qual usamos mesa tão grande.

— Mudemos de assunto, disse a Lebre bocejando. Já estou farta de ouvir falar sempre na mesma coisa. Proponho que esta menina conte uma história.

— Não sei se me lembro de alguma, disse Alice com modéstia.

— Então que conte uma o Rato do Campo, propôs a Lebre — e virando-se para o Rato, berrou: — Acorde, dorminhoco!

Todos caíram em cima dêle, de beliscões e tapas, até que o Rato abrisse vagarosamente os olhos sonolentos.

— Não estava dormindo, afirmou êle com voz bocejante. Não perdi uma palavra do que vocês disseram.

— Conte-nos, então, uma história! pediu a Lebre.

— Conte, conte! gritou Alice.

O Chapeleiro observou: — E comece logo, se não dorme antes de principiar.

— Era uma vez três irmãzinhas, começou o Rato do Campo: Elsa, Lúcia e Tília, as quais viviam no fundo de um poço.

— De que viviam? indagou Alice, sempre curiosa de saber que é que as personagens das histórias costumam comer.