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A RAINHA ALICE
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de uma terceira! O melhor é acordá-las. Vamos! Acordem, pedras! Já estou cansada de suportar o pêso dessas cabeças. Não sou de ferro.

Não acordaram. Começaram a roncar ainda mais alto. Mas êsses roncos foram tomando forma musical e por fim passaram a significar palavras. Alice, prestando atenção, pôde logo decifrá-las. Nesse momento as duas damas foram-se esvaindo até que desapareceram completamente.

Alice olhou em redor. Viu-se diante dum enorme portão onde havia um letreiro dizendo: RAINHA ALICE. Dum lado do letreiro existia uma campainha marcada: “Para visitantes.” Do outro lado, outra campainha marcada: “Para os criados.”

Alice ficou na dúvida. Que campainha tocar? Ela não era nem visitante, nem criada. Haviam esquecido de pôr ali uma campainha para as grandes damas.

Nisto a porta abriu-se e uma criatura de longo bico enfiou a cabeça para dizer: — É proibida a entrada até à próxima semana. E bam! bateu-lhe a porta na cara.

Alice não desanimou. Tocou as duas campainhas por longo tempo. Por fim um velhíssimo sapo, que estava cochilando sob uma árvore, aproximou-se, coxeando. Usava sobrecasaca amarela e trazia botas de sete léguas.

— Que há? perguntou o sapo em voz grossa.

Alice voltou-se para êle, indignada.

— Onde está a gente desta casa? os criados? Estou cansada de tocar a campainha. Bato e a porta não responde.