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O LEÃO E O UNICÓRNIO
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Nesse momento o Mensageiro chegou. Tão cansado estava que não pôde pronunciar uma só palavra, limitando-se a abanar com as mãos ambas enquanto fazia as mais horrendas caretas para o Rei.

— Esta menina ama você com C, disse o Rei apresentando-lhe Alice, na esperança de desviar de si a atenção do Mensageiro, cujas caretas lhe estavam causando pavor. Mas foi inútil. O Mensageiro ainda fêz caretas mais feias.

— Você está me apavorando! exclamou o Rei afinal. Sinto-me desmaiar. Uma cocada, depressa!

— Com grande surprêsa da menina o Mensageiro abriu a sacola que trazia pendurada ao pescoço e dela tirou uma cocada, que passou ao Rei.

— Outra! gritou êste logo que devorou a primeira.

— Não existe mais nada na sacola a não ser capim, Majestade, respondeu o Mensageiro.

— Serve capim, murmurou o Rei em voz sumida.

Alice respirou quando viu que o capim havia feito o Rei voltar a si. — Nada melhor do que capim para desmaios, explicou êle, enquanto engolia aquêle estranho remédio.

— Jogar água fria na cara parece-me muito melhor, observou a menina sem que o Rei lhe desse tento. Sua Majestade de mão estendida para o Mensageiro à espera de mais capim, perguntava-lhe quem havia passado pela estrada.

— Ninguém, respondeu o Mensageiro.

— É o que acaba de me informar esta menina. Vejo que êsse Ninguém anda mais devagar do que você.