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tendo uma palavra para cada um, sorrisonho e amavel, apezar d’uma vaga sombra de cansaço, sustentando com distincção o difficil papel de politico acclamado pelo seu burgo.

Logo a seguir appareceu a Viscondessa, á portinhola, vestida de azul escuro, gravata de seda branca, chapéo que uma simples fita enfeitava, sorrindo bondosa, recebendo com egual deferencia todos os cumprimentos. Só quando o dr. Ramalho e o João conseguiram aproximar-se é que a sua physionomia muito movel se abriu n’um lampejo de sincero contentamento.

Acceitando as mãos que ambos lhe offereceram saltou para o chão, dizendo n’um sorriso de intimidade que raro prodigalisava:

— «Já me tardavam!... Como tem passado, doutor?... Como está tua mãe, João?

— «Como a prima pode imaginar!...

— «Sim, faço ideia! Se ámanhã a mamã não estiver muito fatigada irei abraçar a minha pobre Josephina.

— «Como é bôa e como lho agradeço — murmurou o João commovido.

— «A sr.ᵃ D. Genoveva fez bem a jornada? — interrogou o medico cuidadoso.

— «É muito longa, deixa-a fatigada por uns dias, mas apezar d’isso não está mal. Para se não incommodar com cumprimentos, pedi-lhe que ficasse na carruagem com a D. Luzia até nós retirarmos.

— «Foi bem pensado. É preciso a maior cautella com aquelles nervos — respondeu o dr. Ramalho.

— «Nervos?!... Emfim, pode ser!... Mas