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ella é... o que deve ser. Casaram muito novos.

— «Eramos primos e noivos desde crianças...

Calaram-se ambos, como admirados de dizerem tanto; é que a tarde, cahindo pacificante e bella, trouxera-lhes aos labios phrases de confidencia que o tumultuar do mundo lhes não deixára nunca sahir do recesso mais intimo dos seus corações.

— «Como sou distrahido... ainda não perguntei pela senhora D. Genoveva!? — disse o doutor d’ahi a minutos, para dizer alguma coisa.

— «Hoje está muito rasoavelmente; estes quinze dias de socego têm-lhe feito bem.

— «O socego é para ella a melhor medicina. E a sua amiga?

— «Bella? Foi passear á quinta. Gosta de andar muito e não se cança. Tem aquella boa educação ingleza que faz homens e mulheres sadios, resolutos, fortes, coisas que eu tanto admiro...

— «E no emtanto a Viscondessa nada tem de ingleza...

— «Nem de inglezada. Admiro a Inglaterra como educadora, mas detesto-a como nação alliada. É mesmo por eu ser uma incorrigivel meridional, cheia de mollezas e desânimos, que admiro e aprecio os que fazem da vida uma coisa simples, alegre e boa. Compare o meu espirito cheio d’amargas duvidas e incertezas crueis com a saudavel e boa razão de Bella!... E ainda o doutor não conhece bem o fundo de probidade e inteireza do seu caracter. Alli onde a vê, é a cabecinha de mais juizo que