Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/130

— «Vê lá em que te mettes! Olha que essas mentiras e enganos não pódem dar bom resultado. Suppõe que a Candida falla...

— «O que hade ella dizer que a não comprometta mais do que a mim? Deixa, que ella não é tola e tem um medo ao João que a não deixa abrir bico. Além d’isso creio bem que desistiu da minha pessoa em favor da fortuna do Braga.

— «Pobre Braga! Paga na velhice todos os crimes da sua vida de avarento. Ella não tem escrupulos... Como tu cahiste na asneira de a namorar!...

— «Tu, que és o unico senhor d’este segredo, a perguntar-me isso! A culpada foi só ella.

— «Sim, eu sou o unico a quem o disseste, mas quem o diria á Pillar?

— «Não posso comprehender. Na minha vida dão-se coisas que eram para fazer succumbir outro de menos coragem.

— «Seria a propria Candida?

— «Cheguei a pensar isso, mas pelo susto da ultima hora convenci-me de que não foi. A Engracia é que talvez desconfiasse... Não sei! Acautellava-me tanto...

— «Foi um desastre. A Pillar gostava de ti a valer.

— «Isso!...

— «Era o menos para ti, homem pratico, mas era alguma coisa.

— «Já passou o tempo do teu amôr e uma cabana... Não se compra nada com essa moeda.

— «Mas quando se allia a fortuna ao amôr é a felicidade na terra.

— «Homem, já parece estylo de noticiarista!