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é que bateu, — veiu dizer o padre Mathias com um arsinho picante de troça.

— «Ainda se não sabe quem foi.

— «Foi elle, ha testemunhas. Além d’isso, você bem sabe que ha muito que andavam de rixa por causa da agua da Lameira.

— «É o mesmo, elle ou outro, o exame medico é egual — respondeu o dr. Ramalho.

— «Se os não corrompo na conversa... — achegou-se o Domingos.

— «Ora essa! — riu ás escancaras o dr. Pinto — o amigo Domingos não corrompe ninguem, nem a si mesmo, é incorruptivel.

A conversa estirou-se renhida sobre o assumpto que a todos interessava como caso que se dera quasi á sua vista e que tanto peso tinha na politica local.

No mais acceso d’ella, affastou-se o padre Mathias sorrateiramente e chamou o Maximiano a um lado.

— «Sr. Conselheiro, nas eleições dos quarenta temos o Manuel Duarte por nós.

— «A esse tempo deve elle estar na Penitenciaria, homem.

— «Não irá para lá, se V. Ex.ᵃ quizer. O caso é que não morra o Cabral, de S. Mamede...

— «O que quer você dizer com isso, padre Mathias?

— «Depois lhe explicarei. Vá segurando o juiz, que eu logo fallo com o da Povoa. O Ramalho não percebe nada de politica. Perder um quarenta maior sem mais nem menos... é parvoeira... Eu vou fallar ao Vilhegas. Não percebe a tramoia?