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do jornal, que lhe apregoavam o talento formoso, a sua delicadesa e habilidade profissionaes, o casamento ajustado, para a primavera, com a gentil filha do illustre estadista...

Na botica velha o dr. Pinto ria sem respeito das maximianices, como costumava chamar ás espertesas do habil conselheiro, e affirmára ás gargalhadas, quando viera no carnet mondain de um jornal elegante que o enxoval da noiva fôra encommendado em Paris, que o vira a fazer em casa das meninas Sebastianas, as pobres costureiras e bordadeiras de roupa branca, que um escrivão de fazenda chamado Sebastião alli deixára na miseria.

Chamava o Neves e fazia-o fallar, elogiando-lhe o primo, fingindo-se de boa fé. O outro, coitado, ia dizendo, no seu grande fanatismo de parente pobre que julga engrandecer-se com a grandesa dos seus:

— «O rapaz vae a ministro, não tarda, o sr. doutor verá! Não, que uma cabeça como aquella... ha poucas!

O finorio, cofiando as barbas brancas, em que punha vaidade, ria sorrateiramente, achando que era realmente esperto, que se soubera arranjar, que casava bem...

— «Mas que bem! — dizia o outro tomando a deixa. — Casamento de trús! O sogro entende-se bem com elle; ha de leva-lo a tudo!... — Voltando á sua idéa fixa: — Não tarda que seja ministro, o sr. doutor verá!

— «Sim, sim, é natural. D’aquella massa é que elles se fazem por cá. O sogro, em demasia conhecido, dá homem por si, sim senhor, é