accendia o candieiro velado pelo abat-jour de seda rosa e dispunha com uma certa ordem os livros e retratos que se amontoavam sobre o grande buffete do centro.
Mas a porta abriu-se logo e a voz clara de Isabella chamou:
— «Maria Helena, estás aqui?
Por um momento as duas estiveram abraçadas, beijando se e rindo com aquelle riso chalrante de mulheres novas que se estimam e se vêem depois de grande ausencia.
— «Bôa surpreza! Como se resolveram?... — perguntava, custando-lhe ainda a acreditar.
Foi preciso que Bella recebesse primeiro os comprimentos de Rosalina e lhe desse noticias circunstanciadas dos seus, que tinham ficado de saude e mandavam recados; que se desembaraçasse depois do chapéo e da grande capa de viagem e passasse ligeira os dedos pelos cabellos, a concertá-los, para responder ás perguntas insistentes da amiga.
— «Não imaginas como vinhamos alegres pela alegria que tu sentirias — dizia pouco depois. — Durante a viagem não fallámos n’outra coisa, o João e eu.
— «É verdade, e o João onde está?
— «Foi arranjar quarto no Alliança e mandar para lá as malas, emquanto eu vim dizer-te que tinhamos chegado. Quiz ir ajuda-lo, mas não consentiu porque entendeu que nós estavamos anciosas por nos abraçarmos. Era verdade, não era?
Voltou-se toda, pondo as mãos nos hombros da amiga.