Parece que v. s.^a desconfia de mim, e está a querer guardar um segredo que eu tomára que ninguem soubesse, para que meu pae e o senhor Simão não tenham alguns maiores trabalhos...

— Tem razão, Marianna, eu não devia esconder de si o mau encontro que tivemos...

— E Deus queira que seja o ultimo!... Tanto tenho pedido ao Senhor dos Passos que lhe dê remedio a essa paixão!... O peor futuro eu que ainda está por passar...

— Não, menina, isto acaba assim: eu vou para Coimbra, logo que esteja bom, e a menina da cidade fica em sua casa.

— Se assim fôr, já prometti dois arrateis de cêra ao Senhor dos Passos; mas não me diz o coração que v. s.^a faça o que diz...

-Muito agradecido lhe estou-disse Simão commovido — pelo bem que me deseja. Não sei o que lhe fiz para lhe merecer a sua amizade.

— Basta vêr o que seu paesinho fez pelo meu — disse ella, limpando as lagrimas. — O que seria de mim, se me elle faltasse, e se fosse á forca como toda a gente dizia!... Eu era ainda muito nova quando elle estava na enxovia. Teria treze annos; mas estava resolvida a atirar-me ao poço, se elle fosse condemnado á morte. Se o degradassem, então ia com elle, ia morrer onde elle fosse morrer. Não ha dia nenhum que eu não peça a Deus que dê a seu pae tantos prazeres como estrellas tem o ceo. Fui de