sua amiga do convento dos Remedios de Lamego lhe dissera que Simão tinha sido condemnado á morte.

Thereza estremeceu e murmurou, sem forças já para a exclamação:

— E eu vivo ainda!

Depois orou, e chorou; mas os habitos da sua vida em paroxismos continuaram inalteraveis.

Perguntou á senhora, que lhe dera a noticia, se a sua amiga do convento dos Remedios lhe faria a esmola de fazer chegar ás mãos de Simão uma carta. Promptificou-se a freira, depois que ouviu o parecer da prelada. Entendeu esta religiosa que o derradeiro colloquio entre dous moribundos não podia damnifical-os na vida temporal nem na vida eterna.

Esta é a carta, que leu Simão, quinze dias depois do seu julgamento:

«Simão, meu esposo. Sei tudo... Está comnosco a morte. Olha que te escrevo sem lagrimas. A minha agonia começou ha sete mezes. Deus é bom, que me poupou ao crime. Ouvi a noticia da tua proxima morte, e então soube por que estou morrendo hora a hora. Aqui está o nosso fim, Simão!.. Olha as nossas esperanças! Quando tu me dizias os teus sonhos de felicidade, e eu te dizia os meus!... Que mal fariam a Deus os nossos innocentes desejos!... Porque não merecemos nós o que tanta gente tem!... Assim acabaria tudo, Simão? Não posso crêl-o! A eternidade apresenta-