Simão, vou pôr uma lojinha tambem. Verá como eu amenho a vida. Affeita ao calor estou eu; v. s.^a não está; mas não ha de ter precisão, se Deus quizer, de andar ao tempo.

— E supponha, Marianna, que eu morro apenas chegar ao degredo?

— Não fallemos n’isso, senhor Simão...

— Fallemos, minha amiga, porque eu hei de sentir á hora da morte a pesar-me na alma a responsabilidade do seu destino... Se eu morrer?

— Se o senhor morrer, eu saberei morrer tambem.

— Ninguem morre quando quer, Marianna...

— Oh! se morre!... e vive tambem quando quer... Não m’o disse já a senhora D. Thereza?

— Que lhe disse ella?

— Que estava a passar quando v. s.^a chegou ao Porto, e que a sua chegada lhe dera vida. Pois ha muita gente assim, senhor Simão... E mais a fidalga é fraquinha, e eu sou mulher do campo, vezada a todos os trabalhos; e, se fosse preciso metter uma lanceta no braço e deixar correr o sangue até morrer, fazia-o como quem o diz.

— Oiça-me, Marianna, que espera de mim?

— Que hei de eu esperar!... Porque me diz isso o senhor Simão?

— Os sacrificios que Marianna tem feito e quer fazer por mim só podiam ter uma paga, embora m’os não faça