— Cuidei que não era preciso vestir-me melhor para sahir á noite... — disse Thereza.

— E a senhora sabe para onde vai?

— Não sei... meu pae.

— Então vista-se, e não me dê leis.

— Mas, meu pae, attenda-me um momento.

— Diga.

— Se a sua ideia é obrigar-me a casar com meu primo...

— E d’ahi?

— De certo não caso; morro, e morro contente; mas não caso.

— Nem elle a quer. A senhora é indigna de Balthazar Coutinho. Um homem do meu sangue não aceita para esposa uma mulher que falla de noite aos amantes nos quintaes. Vista-se depressa, que vai para um convento.

— Promptamente, meu pae. Esse destino lh’o pedi eu muitas vezes.

— Não quero reflexões. D’aqui a pouco appareça-me vestida. Suas primas esperam-a para a acompanharem.

Quando se viu sósinha, Thereza debulhou-se em lagrimas, e quiz escrever a Simão. Áquella hora quem lhe levaria a carta? Appellou para o retabulo da Virgem, que ella fizera confidente do seu amor. Pediu-lhe de joelhos que a protegesse, e désse forças a Simão para resistir ao golpe, e guardar-lhe constancia através dos trabalhos