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Ás mulheres portuguêsas
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parte, não se fala em literatura, não se conhecem os escriptores e não ha — o que é significativo — o menor desejo de os conhecer.

Para muitas senhoras que lêem e gostam de lêr é um facto desconsolador o pensarem que serão ridicularisadas e que os ignorantes as alcunharão de sabichonas e doutoras, se por acaso entram em conversa que transponha os limites literarios dos folhetins dos jornaes ou da secção das modas.

Mas será isto motivo bastante para se desinteressarem tão completamente pela literatura do seu paiz?

Fugindo do ridiculo com que f^ram tão cruelmente perseguidas as romanticas de ha vinte annos, as mulheres deixaram de lêr com receio de que as chamassem literatas — o epiteto mais desagradavel que podia ser dito a uma senhora que era vista com um livro na mão.

Pararam, indecisas, isto é retrogradaram, porque em civilisação não ha paragens que não sejam retrocessos.

E foi este o motivo porque se deu o afasta-