Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/14

12
ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

suas iguais pela ilustração, suas companheiras de trabalho, suas colegas na vida pública; por isso as desconhece, as despresa por vezes, as teme quasi sempre.

Mas siga a mulher o seu caminho, intemerata e digna, sem recear o isolamento como o ridiculo — que nem um nem outro atingem o verdadeiro mérito e a sã razão.

Tenha o coração alto e o espirito alevantado; não faça do amôr o ideal unico da existencia nem o seu unico fim. Pense no trabalho e no estudo, e deixe que as suas faculdades afectivas se desenvolvam livremente, ou se não desenvolvam mesmo, que isso deve ser indiferente á sociedade. Cuidados de amôr devem ser cuidados tão absolutamente pessoais e intimos, que não os assoalhar deveria ser a maior prova de pudôr.

Tal não sucede, porêm. Toda a gente publíca os seus afectos, puros ou impuros, verdadeiros ou falsos; e, por mais absurdos, por mais indesculpaveis que sejam, despertam mais simpathia e compaixão do que verdadeiras desgraças sociaes. Na vida real, como no drama, no romance, na poesia, ou na musica, só cai bem no