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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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como prova da igualdade intelectual dos sexos — que essa não era mulher, era o diabo!...

Se é do meu tempo, se ouvi muitas vezes, eu mesma, a novos e a velhos, a homens e a senhoras, troçar das doutoras, citar por troça aquelle estupido dictado portuguez da mulher que sabe latim... já V. Ex.ª vê o que representa para nós a sua simples confissão de que não ha hoje homem inteligente que não deva ser feminista.

Agora permita-me que explique o meu pensamento, que, certamente por deficiencia de clareza na fórma, não foi interpretado como desejava que o fosse.

O que entendo por — desenvolver livremente as qualidades afectivas na mulher, — é deixar-lhe o pleno direito da escolha, o direito sagrado de amar ou não amar, de casar ou ficar solteira, sem que isso represente uma vergonha ou, pelo menos, um ridiculo.

Entendo que o ser humano que pertence ao sexo feminino, não deve ser coagido pela educação, nem pelos costumes, nem pelas conversas, nem pelos pais — que têm a mania de ta-