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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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convivio com pessôas distinctas, adelgaçam intelectos e limam as arestas plebeias, que denunciariam logo a humilde procedencia...

Pois a mulher que só vive de vaidades, que tem a sua orbita limitada a seguir o astro rei como palida lua sem luz propria; a mulher que geralmente só tem um nome respeitado quando o homem lho dá; a mulher que é educada para agradar ao homem, para arranjar pelo casamento uma situação definida na sociedade; a mulher sem um fim determinado na sua vida individual, sem um pensamento nobre a elevar-lhe as aspirações; a mulher escrava pela força e submetida pelas leis, vinga-se como sempre se vingaram os escravos — corrompendo.

O que desejam as mulheres auferir do homem que as não associou a nenhum dos seus pensamentos e actos, que a aceita como um presente e a conserva como um luxo? O que todo o inferior pretende tirar do que se lhe quer impôr como senhor, numa revolta amarga de impotencia a maior soma de gôso proprio junto ao menor esforço para o conseguir; o seu pra-