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Ás mulheres portuguêsas
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maquinismo, e que em vez de lhes fornecerem educação que lhes garanta o futuro pensam com afinco em lhes amoedar o dóte, que mais facil lhes torne o casamento? Das mães, que não comprehendem o que hoje se chama educação feminina e ainda se surprehendem e assustam com inovações de que ouvem falar vagamente? Do homem, já amezendado na vida, comodista, defendendo por egoismo o que lhe satisfaz as aspirações de senhor; querendo a esposa muito sua humilde companheira, hôje prompta a servi-lo, ámanhã a ser a criada dos seus filhos ?...

De nenhum desses póde receber o salutar influxo que a torne a companheira condigna do homem civilisado, que a sociedade prepara no seio revoltoso das luctas e desesperos de hoje para um ámanhã mais justo.

É dos rapazes novos não daquelles que entraram na vida tarados para o ramerrão comodista dos empenhos e empregos públicos, numa covardia mórbida para a revolta e para a lucta — mas duma pleiade de moços a sair das escolas, cuja alma sentimos palpitar numa aspiração perfeita das suas responsabilidades,