Rio, 19 de novembro
Se a mitologia dos povos antigos tivesse dado formas de mulher, de fada ou ninfa, às semanas, como o fez com as horas, não me veria às vezes em tão sérios embaraços para escrever esta revista.
Em lugar de estar a cogitar idéias, a parafusar novidades, e a lembrar-me de fatos e coisas passadas, pediria emprestado a algum dos tipos da grande galeria feminina as feições e os traços para desenhar o meu original.
Assim, quando me viesse uma semana alegre e risonha, mas muito inconstante, com uns dias cheios de nuvens, e outros límpidos e brilhantes, iluminados pelos raios esplêndidos do sol, uma semana elegante de teatros e bailes, imaginaria alguma fada de formas graciosas, de olhos grandes, com uma certa altivez misturada de uma dose sofrível de loureirismo.
Vestiria a minha fada de branco com algumas fitas cor-de-rosa, pedir-lhe-ia que me contasse com toda a graça a travessura do seu espírito os segredos de suas horas e de seus instantes
Ao contrário, se fosse uma semana bem calma e bem tranqüila, em que os dias corressem puros e serenos, em que fizesse umas belas noites de luar bem suaves e bem calmas, de céu azul e de estrelas cintilantes, lembrar-me-ia de