Filho de José Antonio Lisboa, Commendador da I. Ordem de Christo e do Conselho de S. M., fallecido em 29 de Julho de 1850, e de sua mulher D. Maria Euphrasia de Lima. Irmão do Barão de Japurá, Miguel Maria Lisboa.

Sentou praça como voluntario em 1823, chegando ao posto de Almirante depois de um brilhantissimo passado que o tornou uma das mais legitimas glorias de Marinha Brasileira.

Referindo-se as provas de estima dadas á este Benemerito por S. Magestade o Senhor D. Pedro II, o Instituto Historico e Geographico Brasileiro, em sua Revista, LX. a fl. 447, que contem o seu elogio historico, narra o seguinte caso que temos o praser de transcrever:

Quando o Imperador foi em 1859 visitar as provincias do Norte, a divisão naval que o transportava era commandada pelo chefe de esquadra Joaquim Marques Lisboa.

No regresso ao Rio de Janeiro fundeou a divisão no porto de Tamandaré, em Pernambuco. Ahi pediu licença Marques Lisboa ao Imperador para trazer em um dos navios os restos mortaes de seu irmão Manoel Marques Lisboa Pitanga, que se achavam enterrados no cemiterio de Tamandaré, afim de deposital-os no tumulo da familia no Cajú (Rio de Janeiro). Quiz o Imperador saber como tinha fallecido n′aquella pequena villa, um irmão do chefe de esquadra Lisboa, e referio-lhe[1] este que Manoel Marques Lisboa Pitanga, depois de combater como voluntario na guerra da Independencia, adherira á revolução de 1824, que pretendia fundar a Confederação do Equador. Ahi, em Tamandaré, commandava elle uma força revolucionaria que foi atacada e vencida por outra do Governo, depois de renhido combate em que Pitanga praticára actos de heroismo, preferindo deixar-se matar á entregar-se.

Ouvida esta revelação, ordenou o Imperador que a transladação dos restos de Pitanga a bordo do navio que os devia levar fosse feita com todas as honras devidas á um militar valente e pundonoroso, por illegitima que fosse a causa que defendia.

Mais tarde quando o Imperador quiz distinguir o chefe de esquadra Marques Lisboa com um titulo, o Ministro Paes Barrets propoz um titulo do Rio Grande do Sul, provincia da qual era oriundo aquelle militar, mas o Imperador atalhou-o dizendo que queria que elle fosse Barão de Tamandaré, em recordação da gloriosa morte daquelle irmão.

E assim succedeu que o titulo de Barão, depois Visconde e Marquez de Tamandaré teve uma origem republicana.

  1. "the" no texto original; erro tipográfico.