tendo o gosto de fazer que as nossas palavras passem bem por cima dele sem que o bruto o perceba, ah! ah!...
— Mas por que não discutiu isso durante a semana passada, em que o rinoceronte esteve ausente e a passagem pela porteira completamente livre? Acho que Vossa Rinoceroncia perdeu um tempo precioso.
— Menina, respondeu o detective-comandante meio ofendido, não se meta no que não é da sua conta. O governo sabe o que faz. Quero falar com a dona da casa.
Cléo tapou com a mão a boca do telefone e voltou-se para dona Benta.
— Ele quer falar com a senhora mesma.
— Mas a velha não estava pelos autos. Considerava aquela gente uma sucia de idiotas. Além disso não gostava do governo. Dona Benta era “oposicionista”.
— Diga-lhe que não me amole. Estou muito velha para estar servindo de instrumento a esses piratas.
Cléo deu o recado, com outras palavras para não ofender o governo, e então o detective-comandante explicou que necessitava autorização de dona Benta para construir outra linha...
— Segunda linha telefonica? indagou Cléo admirada.
— Não, menina abelhuda. Agora será uma linha de transporte aéreo, que nos permita levar para aí as nossas armas e bagagens. Só assim poderemos assestar o canhão-revolver e a metralhadora na escadinha da varanda, de modo a abrir fogo de barragem
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