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fone, nem Narizinho, nem Pedrinho, nem o visconde, nem Rabicó — ninguem sabe. Diz Cléo que são coisas do governo, um misterio.

O rinoceronte ficou pensativo. Devia ser uma bem estranha criatura esse tal governo, que fazia coisas acima do entendimento até da Emilia!

Ás tres da tarde apareceu o animalão no terreiro, indo deitar-se no seu lugarzinho do costume. Grande alegria entre os caçadores. Podiam afinal fazer o transporte das armas e bagagens, e tambem de si proprios utilizando-se da linha de cabos aéreos, e em seguida dar começo ao ataque á féra. Um entusiasmadissimo telegrama foi passado para o Rio, nestes termos: “Trabalhos linha aérea brilhantemente concluidos ponto iniciaremos hoje transporte armas e bagagens ponto vitoria segura ponto saude e fraternidade”.

Os jornais publicaram a noticia com grandes elogios aos heroicos caçadores de rinocerontes que tão bravamente arrostavam os maiores perigos afim de limpar o solo da patria daquele perigosissimo animal. O detective X B2 foi chamado “imperterrito”, lindo adjetivo que a imprensa só usa para homens como o Marechal Floriano e outros do mesmo calibre. O chefe de policia respondeu ao telegrama dando parabens aos herois e elogiando-lhes a esperteza e bravura.

Ás tres da tarde, logo que o rinoceronte se atravessou na porteira, a linha de cabos foi posta a funcionar. Primeiro passou, pendurado em carretilhas, o canhão-revolver. Depois, a metralhadora. Depois passaram as munições, a bagagem, as violas e por fim os caçadores.

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